A coragem de ser Imperfeito
Serão as festas de escola eventos traumáticos para as crianças?

Hoje o facebook recordou-me algo que vivi e escrevi há 8 anos! 🤔


   "Serão as festas de escola eventos traumáticos para as crianças?"

Eu hoje estou em crer que sim!

Faço questão de, pelo menos 1 vez por ano, participar numa das festinhas que os meus sobrinhos têm na escola. Esta sexta foi a vez do Guilherme (ou Gui), que faz esta semana 4 anos, e é filho do meu irmão Fernando que vive em Londres.

Na festinha, da escola, havia clara e óbvia divisão dos meninos FINALISTAS e dos NÃO FINALISTAS. O Gui é um menino muito irrequieto (tipo pilhas Duracell…) e logo no início da festinha já me dizia orgulhoso Eu sou um NÃO FINALISTA!” – OK, até aqui, tudo bem – a criança percebe que há diferenças.

A festa decorre - sento o Gui no meu colo (porque já tinha caído por duas vezes…). Passa entretanto um filme com os meninos FINALISTAS e reparo que o Gui vai-se aconchegando no meu colo… e começam as perguntas: “a foto do Gui não aparece, eu portei-me mal?” Ao que eu respondo: “as fotos são dos meninos FINALISTAS”… Passa alguns minutos e diz-me “o Gui é um NÃO FINALISTA, porquê? Fiz muitas asneiras?” – E eu vou explicando que não… que um dia também vai ser FINALISTA… que o meninos da sua classe estão todos sentados a ver…

Após o intervalo os pais dos meninos FINALISTAS sobem ao palco com um balão branco iluminado que entregam aos filhos… Foi o auge! E agora já não são perguntas mas afirmações: “...Eu dei um pontapé no Ricardo mas pedi desculpa...”… “...Eu também queria um balão branco...”… e por fim adormeceu no meu colo, não sem antes dizer “A culpa é minha!.

Hoje as minhas reflexões são várias:

   REFLEXÃO 1: o que somos em adultos foi-nos talhado na infância!

Pelas escolas, ambiente familiar, comunidade onde estamos inseridos, pelos filmes que vimos, livros que lemos, histórias que nos contaram...

   REFLEXÃO 2: o oposto de perfeito não pode ser o imperfeito!

Talvez porque tive uma mãe muito pragmática, não fui educada para o meio termo ou para a possibilidade de que há outras perspectivas! Ensinaram-me que ou se está num lado ou se está no oposto e a frase que mais me recordo é: se estudares vais ter sucesso; se não estudares vais ser uma falhada!

E por vezes dou comigo a "auto avaliar-me" nos padrões pelo qual fui educada: ou entendo que em algo fui competente porque esteve dentro das minhas habilidades, expertises e produziu o resultado esperado .. ou fui incompetente, não que foi mais ou menos, o que significa que na próxima tenho que "estudar mais"!

   REFLEXÃO 3: há um padrão na forma como nos autoavaliamos!

O Gui iniciou a festinha orgulhoso por ser um "não finalista". Quando se apercebeu que os "finalistas" eram os que tinham palco, palmas, balões... iniciou uma serie de perguntas. Conclui a noite com um sentimento de injustiça (porque até tinha pedido desculpa ao amiguinho) e já não eram perguntas mas afirmações!

Hoje, em adultos não será este um ciclo, pelo qual nos autoavaliamos?

AFIRMAÇÃO "Eu sou..."

PERGUNTAS "Porque não sou...?"

IMCOMPREENSÃO "... eu pedi desculpas!"

AFIRMAÇÃO "A culpa é minha..."

   CONCLUINDO... Volto à pergunta que fiz a mim mesma há 8 anos: Serão as festas de escola eventos traumáticos para as crianças? Que outras reflexões tem? Ou que respostas às minhas questões daria?

Adoro histórias de vida!😊




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