Diz a lenda que, num dia frio e chuvoso (como hoje!), Martinho — um soldado romano — encontrou um mendigo a tremer de frio. Sem hesitar, pegou na sua espada, cortou a sua capa ao meio e deu-lhe metade. Logo a seguir, as nuvens abriram e o sol brilhou — nasceu o “Verão de São Martinho”.
A lenda é antiga, mas a lição acredito continua atual. Quantos conhecemos que só partilham quando têm “de sobra”? E quantos há que, mesmo sem poder, dividem o que têm?
Nas empresas é igual… A generosidade é o que muitas vezes aquece a cultura de uma equipa. Quando há partilha — conhecimento, tempo ou confiança — o ambiente muda. As pessoas sentem-se vistas, reconhecidas, valorizadas. E onde há reconhecimento, há calor. Esse calor é o “verão” que quebra o frio da indiferença e aproxima as pessoas de um propósito comum.
Usando ainda esta analogia, na verdade, a liderança nas empresas não se mede pelo tamanho da capa (do que temos: seja experiência, conhecimentos...), mas pela disponibilidade na partilha. É essa atitude que cria e reforça o “verão” dentro das empresas — mesmo quando o mercado está frio, os recursos curtos e os dias longos.
Acredito ainda que partilhar é mesmo um ato de coragem. Há preconceitos de que partilhar é perder. No entanto, os líderes que mais crescem são os que entendem que partilhar multiplica — ideias, resultados, confiança. Por isso, requer coragem para contrariar o impulso de guardar “a capa inteira” e acreditar que o que se dá, volta.
E se o verdadeiro poder de um líder não está no que protege… mas no que partilha. Que parte da sua "capa" vai ainda hoje dividir com alguém?